sábado, 12 de maio de 2007

Desabafo 3...

Eu disse que usaria minha raiva e indignação para alguma coisa...
Peguei tudo e mandei um e-mail para a unidade que trata do credenciamento do plano de saúde e para a casa de saúde.... Mandei pra todos os e-mails q encontrei no site!
Sinceramente, nem sei o que vai acontecer... No máximo, um pedido de desculpas pela perda do óculos e uma longa explicação sobre o quão profissional é a clínica....
Foda-se!
Nada disso apaga o que senti... Escrever só fez aliviar e deixar um vazio no peito! Enquanto havia raiva eu sabia que devia sentir raiva, mas o que vc sente qdo seu peito tá vazio?
Continuo programando minhas viagens, acreditando (ou querendo acreditar) que até lá estarei bem, mas também não vou me entregar! Isso ninguém vai ver! Principalmente depois do que vivi na clínica.
Quando cheguei lá e vi todas as minhas coisas indo embora, e depois sendo informada de que não havia chave para trancar nem a porta do banheiro, entrei no banho e chorei por nem sei quanto tempo.... Chorei por ter passado por aquela revista invasiva, chorei por meus pais não terem me acompanhado, chorei por ser bipolar, chorei porque não sabia o que viria a acontecer, mas chorei, principalmente, porque sabia que aquilo mudaria minha vida daqui pra frente!
Parece clichê, mas EU NÃO SERIA MAIS A MESMA PESSOA! E me questionava como seria minha vida a partir dessa mudança: os amigos seriam os mesmos, eu finalmente iria morar no meu apartamento ou seria uma mudança interna e tão tênue que só eu perceberia?
Apesar de tudo, minha curiosidade me prega a peça de sempre me fazer pensar em como teria sido se eu tivesse agüentado mais tempo lá... Queria ter podido observar as pessoas, os comportamentos, os procedimentos, a rotina... Dessa vez, não escreverei a frase "fica pra próxima".... rsrsrs...

Bem, mandei o e-mail e, como sempre, reproduzo aqui... Não cito nomes de pessoas, apenas da Casa de Saúde Saint Roman que, de antemão, não recomendo a ninguém...

Há algum tempo, fui diagnosticada como portadora de transtorno bipolar de humor. Vinha sendo medicada com antidepressivos, o que me deixavam sempre na fase maníaca. Obviamente esse excesso de energia me trouxe prejuízos financeiros, emocionais, profissionais, físicos e psicológicos.
Após a peregrinação característica dos portadores de minha doença, cuja descrição dos trâmites não precisa ser descrita aqui, encontrei um psiquiatra no Rio de Janeiro, muito bem indicado, que corroborou o diagnóstico de THB, ressaltando que eu possuía o tipo misto da doença. Um dos sintomas observados na ocasião foi a dificuldade, quase incapacidade, de "desligar" o pensamento e dormir. Nem preciso explicar o dano profissional e emocional que isso acarreta. Foi necessário, inclusive, entrar com pedido de licença médica junto ao INSS.
Assim, voltei para minha cidade (Campos dos Goytacazes) com a orientação de repouso absoluto na tentativa de dormir a maior quantidade de tempo possível.
Infelizmente, por situações alheias à minha vontade, esse descanso com qualidade não pôde ser seguido à risca aqui, o que me levou a solicitar ao psiquiatra que me acompanhava uma indicação de internação em alguma clínica conceituada e, se possível credenciada ao meu plano de saúde, com a única intenção de estar em um local calmo e responsável onde eu pudesse enfim fazer minha sonoterapia, com monitoramento.
A clínica escolhida foi a Casa de Saúde Saint Roman no bairro de Santa Teresa no Rio de Janeiro.
Nunca estive antes numa clínica psiquiátrica (graças a Deus!). Todas as informações que eu tinha até o dia 09 de maio vieram de livros e filmes, mas sempre acreditei que o tratamento atual era bem diferente. Acredito que meu psiquiatra deveria ter me preparado para o que viveria ali dentro e isso já foi discutido à exaustão com ele.
Porém, não posso apenas reclamar com ele e deixar o que aconteceu para trás sem antes me dirigir aos responsáveis pela Casa de Saúde Saint Roman e à XXX, unidade da XXX responsável pelo credenciamento no Estado do Rio de Janeiro.
Entrei uma pessoa exausta física e emocionalmente pela falta de sono e saí uma pessoa exaurida emocionalmente pelo tratamento que recebi nesta clínica.
Mesmo sem saber como seria minha internação, minha lógica e minha experiência de vida sempre me levaram a crer no profissionalismo da instituição. Eu não estava a passeio, mas também não estava lá porque representava algum risco à humanidade. Eu fui apenas dormir. Por um prazo indeterminado, que seria definido ao longo dos dias e de acordo com a quantidade de horas que eu conseguisse dormir e relaxar meu corpo e minha mente. Além disso, era orientação médica permancer no Rio de Janeiro mesmo após a saída da clínica, o que obviamente resultou em uma quantidade maior de bagagens. Eu estava indo pro Rio sem data pra voltar para Campos, oras! Assim, cheguei na Clínica com 2 malas e uma necessaire, além de uma bolsa com objetos pessoais (como: carteira, óculos de sol, sacola de remédios, ipod,...). E todas essas bagagens, com exceção da bolsa, possuíam cadeado e segredo para evitar qualquer possibilidade de algo vir a se perder durante minha estadia...
Repito: fui por livre e espontânea vontade para a Clínica Saint Roman para fazer sonoterapia. Nunca havia passado pela minha cabeça usar o cadarço do meu tênis para me enforcar, nem engolir todo o conteúdo do protetor solar ou qualquer outra coisa do tipo... Assim, fiquei surpresa e me senti humilhada quando vi minhas bagagens sendo reviradas atrás de objetos "perigosos". Nesse procedimento educativo, aprendi algumas maneiras interessantes de usar material do dia-a-dia para cometer suicídio! Entendo que a ausência de chave nas portas dos quartos poderia expor outros pacientes com tendências piores do que a minha de não conseguir dormir, mas existem formas e formas de se fazer isso quando um paciente está lúcido! Mas, com certeza, a que essa clínica ou seus profissionais adotam está longe de ser educada e humana. Continuo sem entender a necessidade de desfazer a mala na minha frente! Se ninguém nunca pensou nisso, estou avisando: é humilhante!
Sem contar os comentários (que eu chamaria de chacota) sobre a quantidade de roupas, chocolate e biscoitos que eu havia levado...
Além disso, fui proibida de ouvir música, de ler meus livros, de usar meu tênis, de usar meu desodorante, muito menos minha fivela de cabelo! A resposta era "a psicóloga precisa autorizar". Sinceramente, não sei se existem psicólogos na Clínica Saint Roman... Pelo menos, nas 24 horas em que estive internada nenhum apareceu...
Pior é que você acaba descobrindo que não existe o que fazer lá: não se pode ouvir música, não se pode ler, não se pode usar a piscina porque está chovendo e porque seu protetor foi consficado e a melhor parte: NAO SE PODE DORMIR!
Não sou nenhuma alienada; entendo perfeitamente (como 2+2) o motivo da revista e da retirada de alguns bens da minha bagagem. Porém, o mínimo que se espera é um atendimento humano, profissional e efetivo. Eu pago plano de saúde para isso! Se fosse para ficar jogada numa cama sem acompanhamento médico, bastava parar de pagar e ir procurar um hospital do SUS!!!
Esperei 24 horas por retorno, por atenção, pela oportunidade de dormir em silêncio... Não existe silêncio lá! Se não for o barulho de obra, são os próprios funcionários rindo e conversando ou os internos jogando ping-pong. Meu pedido para ligar o ar condicionado a fim de abafar o barulho pareceu ter expirado na hora do café da manhã... Depois disso, sem prévia comunicação, desligaram e eu, mais uma vez, fiquei sem entender o porquê.... Não posso deixar de comentar a sutileza com que fui acordada para tomar café da manhã... A "leve" batida na porta e a "suave" pronúncia de CAFÉ DA MANHÃ me fizeram chorar! Eu só queria dormir!
Perdi as contas de quantas vezes me acordaram desta forma, mas posso garantir que foram mais de 15 em menos de 24 horas! Pessoas entravam e saíam, mas nunca para conversar comigo, para saber que, por ordens médicas, não tomo café, por exemplo...
Mas o estopim para a minha decisão de sumir desta Casa de Saúde em menos de 24 horas foi ser acordada às 8:30 pelo enfermeiro que queria abrir a janela e que me mandou sair da cama para pegar o remédio na farmácia. Perguntei se ele não poderia levar no meu quarto e ouvi uma frase interessantíssima vindo de um profissional da clínica que eu escolhi para fazer sonoterapia: "Lugar de dormir é em casa"!
Na verdade, só tenho a agradecer a esse rapaz. Pude perceber rapidamente que estava em um local em que não existe preparo algum para atender uma pessoa que precisa dormir. Tomara que esteja preparada para atender os demais casos!
Assim, imediatamente liguei para o meu pai para que ele me tirasse o mais rápido possível do local que esqueceu que o mais importante é tratar seres humanos e não doentes.
Pra completar, enquanto esperava minha família e tentava dormir, entrou alguém da limpeza (acredito eu) no meu quarto e fui agraciada ainda com 3 espirradas de "Bom Ar" dentro do quarto que estava com portas e janelas fechadas... Nem vou comentar o quão agradável foi a sensação....
Enfim, nesse pesadelo, perdi o direito de descansar!
Perdi ainda minhas lentes de contato e meus óculos de sol. E eu GARANTO que não foi nenhum paciente!
Ah, e voltei com a escova de cabelo quebrada porque insistiram que dentro dela poderia ter alguma coisa....

Dito tudo isso, chego no ponto que quero resposta: alguém na Casa de Saúde Saint Roman sabia o motivo de minha internação? Alguém na Casa de Saúde Saint Roman sabe o que significa sonoterapia? E mais: onde estão meus óculos de sol?
De antemão, respondo que não aceito a frase clichê "não nos responsabilizamos por objetos de valor".
O objeto em questão estava na posse de um funcionário desta Casa de Saúde e não de um paciente com tendências cleptomaníacas....
Para facilitar, os óculos de sol deveriam estar na mesma bolsa que durante mais de 10 minutos funcionários da Casa de Saúde Saint Roman afirmavam não estar lá!

De minha parte, como funcionária da XXX e como titular de seu plano de saúde, desaprovo a permanência da Casa de Saúde Saint Roman como credenciada do XXX. Como cidadã e ex-paciente, repassarei minhas indignação e desaprovação para todos.


Aguardo uma resposta.

Atenciosamente

7 comentários:

Vânia disse...

Na boa


Queria um hotel

Unknown disse...

Clinica psiquiátrica não é clínica de sono terapia o nome ja diz, quer sono terapia creio que estaria melhor em um soa as regras são para todos e devem ser seguidas la e para tratamento e não uma forma de descanso tem hora p cuidados para medicação o assim como horário p dormir

Unknown disse...

Clinica psiquiátrica não é clínica de sono terapia o nome ja diz, quer sono terapia creio que estaria melhor em um soa as regras são para todos e devem ser seguidas la e para tratamento e não uma forma de descanso tem hora p cuidados para medicação o assim como horário p dormir

Coordenadorarj disse...

Entendo a sua angústia e cabe a casa de saúde responder por tanta desatenção,pois percebo total despreparo e discriminação com paciente.Se o grupo fosse bem preparado,certamente,respeitaria.Como a paciente disse,foi pelo plano e o fato dos funcionários sumirem com seus óculos já demonstrou outro problema,pois se ia ficar internada,deveria ter armário com chave em posse da paciente ou de um setor responsável.Isto acontece mesmo..é inadmissível. Enfim..também tive um amigo com uma pessoa internada lá e não gostou.Creio que a ANVISA e Leis que regem este tipo de estabelecimento devam ser mais rigorosas,pois a primeira coisa é o respeito ao problema do paciente.Não é local para chacotas e se tem este nível de funcionários,deveriam ser observados com cameras por todo local.Lamentável que ainda existam locais assim.Imagina como tratam os que não estavam lúcidos como a paciente.

Regina Scofano disse...

Sou estudante de psicologia e estou procurando locais para estágio hospitalar. Lembrei da clínica Saint Roman e joguei no google. Junto com várias outras informações encontrei seu depoimento. Conforme lia fui lembrando da época em que essa clínica foi inaugurada e dos comentários a respeito do tratamento ministrado aos pacientes predominantemente dependentes químicos, na época, e que não eram nada bons. Pensei que isso tivesse mudado. Fere completamente a Reforma Psiquiátrica brasileira. Indignada.

Barbara disse...

Definitivamente essa é uma empresa, digo empresa pois não deve ser considerada uma instituição pois visa apenas lucro. Não há de forma alguma profissionais capacitados principalmente funcionários de base, ou seja, aqueles que convivem mais tempo com o paciente como infermeiros. Há um abuso de poder e desrespeito no tratamento as pessoas que passam por dificuldades psicológicas nessa empresa. É uma total irresponsabilidade propagar a ideia de que esta empresa faça de fato um tratamento humanizado. O site da empresa não oferece nenhum aprofundamento ou sequer informação no tópico especialidades. Em contraponto há imensa facilidade em consultar disponibilidade de internação. Não verifica-se se há real necessidade de tratamento com internação, há apenas uma questão puramente econômica no ganho sobre os planos de saúde

Barbara disse...

Definitivamente essa é uma empresa, digo empresa pois não deve ser considerada uma instituição pois visa apenas lucro. Não há de forma alguma profissionais capacitados principalmente funcionários de base, ou seja, aqueles que convivem mais tempo com o paciente como infermeiros. Há um abuso de poder e desrespeito no tratamento as pessoas que passam por dificuldades psicológicas nessa empresa. É uma total irresponsabilidade propagar a ideia de que esta empresa faça de fato um tratamento humanizado. O site da empresa não oferece nenhum aprofundamento ou sequer informação no tópico especialidades. Em contraponto há imensa facilidade em consultar disponibilidade de internação. Não verifica-se se há real necessidade de tratamento com internação, há apenas uma questão puramente econômica no ganho sobre os planos de saúde.